Mamulengo é uma espécie de divertimento popular que consiste em representações dramáticas, por meio de bonecos, em um pequeno palco ligeiramente elevado. Por detrás do pano escondem-se uma ou duas pessoas adestradas, fazendo com que os bonecos se exibam com movimento e fala.
A presença dos fantoches é assinalada desde a mais remota Antigüidade. Alguns estudiosos afirmam tenham se originado na Índia, outros asseguram serem oriundos do Egito, onde foram encontrados bonecos de ouro, marfim e barro. O certo é que os fantoches freqüentavam as feiras da Antiga Grécia e de lá passaram para Roma.
Da Itália, na Idade Média, os títeres caminharam pelas mãos de artistas anônimos para vários países da Europa, fazendo a alegria das crianças e também dos adultos. Naquela época a Igreja valeu-se do teatro de marionetes para a difusão do espírito religioso, visando atrair a atenção dos fiéis de maneira direta e objetiva, tendo esta forma de espetáculo adquirido também o nome de “Presépio”, no qual figurava o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deve ter sido sob esta forma que a representação entrou no Brasil.
Durante muitos anos, tanto na Europa quanto em nosso país, os fantoches trabalharam nas cenas religiosas para ensinar a história bíblica, e pouco a pouco é que se deu a sua secularização, isto é, foram neles introduzidos assuntos profanos, principalmente aqueles que provocam a hilaridade.
Os fantoches são feitos de madeira, metal, papel, palha, barro, etc. São vestidos a caráter. Geralmente cada boneco tem o seu nome e a sua personalidade. Em todas as representações, nunca saem de uma determinada “linha de conduta”. Assim o chorão, o briguento, o valente, o bondoso, sempre se apresentam com seus predicados, pelos quais se tornam conhecidos. Além desses personagens humanos, há também os bichos, destacando-se entre nós o brasileiríssimo jacaré.
Com o passar do tempo os bonecos foram adquirindo caráter diferente, graças à maneira de serem manejados pelos artistas, assim é que hoje podemos classificá-los em três grupos distintos;
a) – os de varinha;
b) – os que são movimentados por cordinhas (marionetes);
c) – os “guignol”, isto é, aqueles que são movimentados pela mão do artista, que é introduzida dentro do fantoche: o polegar vai a um dos braços, o indicador no orifício da cabeça e o médio faz o movimento do outro braço. A voz é de quem o maneja.
O títere chegou ao Brasil em dois pontos diferentes e com um espaço de século e meio. Primeiramente apareceu em Pernambuco, talvez trazidos pelos holandeses, pois naquela época estava em grande voga na Holanda, sob o nome de “Jan Pickel Herringe”. Quanto ao nome mamulengo, não se sabe ao certo a origem, supondo uns que derive de “Mão Molenga”. É também conhecido como “Brincadeira de Molengo”.
Os artistas pernambucanos de fantoches mais conhecidos foram o Dr. Babu, que exerceu enorme influência sobre os titeiristas que vieram depois, pois seus espetáculos eram, na maior parte, improvisados. O sucessor do Dr. Babu chamava-se “Cheiroso”, pelo fato de fabricar “cheiros”, essências baratas extraídas de flores e metidas em frasquinhos.
No Rio Grande do Sul os alemães trouxeram o “Kasperletheater”, que se naturalizou brasileiro sob o nome de “Gaspar”, para contar lendas brasileiras, como a do Negrinho do Pastoreio.
O teatro de fantoche é de grande valor educativo, pois é distração sadia, que dá grande alegria às crianças, por isso é um dos meios mais elevados para educar a infância. É muito usado em várias escolas, onde representam temas brasileiros e instrutivos. Recentemente a televisão vem divulgando o teatro de fantoches, acionados muitas vezes por ventríloquos.